Turistas passeando na beira da água de búfalo.

A Ilha de Marajó e seus búfalos

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Dizem que na Amazônia você vê jacaré atravessando a rua, tudo mentira. Mas na Ilha de Marajó, realmente você consegue ver búfalos andando por lá, passeando livremente ou descansando em alguma sombra. Na verdade, o único grupamento montado de polícia que possui búfalos é no Marajó. Então, se você está no Norte e quer conhecer um lugar exótico, vale a pena reservar alguns dias para ir até a Ilha. Mesmo que sejam só cinco dias, como foi a minha viagem.

Como chegar

Para chegar à Ilha do Marajó, você precisa partir de Belém. Existem duas opções: do Terminal Hidroviário da região portuária de Belém ou do Terminal Hidroviário de Icoaraci (distrito de Belém que fica a uns 20km de carro da capital). Nós (eu, meu primo e meus tios) fomos de Icoraci, pois somente de lá o viajante pode atravessar com o carro.

Balsa que leva até a Ilha de Marajó
Vista pela janela da balsa

As balsas saem todos os dias da semana com uns dois ou três horários de partida (normalmente de manhã). A viagem dura 3h e vai até o Porto Camará, na cidade de Salvaterra, local onde você também pode se hospedar, mas, no nosso caso, seguimos até a cidade de Soure. Assim que uma balsa chega ao Porto, terão opções de ônibus e vans que levam até o centro de Salvaterra e de Soure, se você não estiver de carro.

Valores da balsa (aproximadamente):

  • Carro: R$120 (motorista não paga).
  • Passageiro sem carro: R$40.

A ilha de Marajó

Soure é considerada a capital da Ilha de Marajó, mas esse título é muito disputado pela cidade vizinha, Salvaterra, então podemos chamá-la de “Pérola do Marajó” ou “Capital do Búfalo” como também é conhecida. Soure é o maior município marajoara e lá você pode conhecer, entre outras coisas, as praias do Pesqueiro, Barra Velha e Araruna.

Particularmente, gostei muito da Praia do Pesqueiro. Tem um visual muito bonito, pois une as árvores que nasceram em locais isolados próximos da água e uma extensão de areia bem comprida. Lá existem várias malocas na areia onde você pode ficar e consumir comidas dos quiosques próximos. No momento em que a maré sobe e a areia diminui coberta pelo rio, existe a alternativa de algumas malocas de pés altos de madeira, para que você possa continuar curtindo a praia e consumindo as comidas vendidas por lá. Na praia, você pode também passear de búfalo ou fazer uma foto ao lado dele, se preferir não subir. Mas garanto que eles são bem calmos, só tem a cara de mal.

Turistas passeando na beira da água de búfalo.
Crianças se divertindo na água
Crianças se divertindo na água

O centro de Soure é bem característico de cidades do interior, passeando você encontra pequenos coretos com detalhes de pinturas marajoaras e a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, que não poderia faltar já que os paraenses são muito devotos a ela. Lá tem também alguns ateliês e lojas de artesanato local.

A Praia da Barra Velha tem menos infra-estrutura, mas para quem gosta de aventura e do contato com a natureza, ela é ideal. Para chegar lá, você vai de carro até uma fazenda particular, estaciona próximo de uma ponte em uma espécie de estacionamento improvisado e atravessa um caminho numa ponte de madeira, passando por uma vegetação de manguezais durante uns 10 ou 15 minutos de caminhada até chegar na praia.

Um detalhe importante é a época do ano que você vai conhecer a Ilha. Apesar de estarmos todos no mesmo país, no Norte o inverno acontece de dezembro a março, enquanto o verão é na época de julho. Portanto, se puder evitar a viagem a Ilha de Marajó no período de inverno, é melhor, pois nessa época a chuva é frequente e alguns locais ficam submersos. Eu fui no final de abril e o tempo estava favorável.

Foi muito bom passar alguns dias na Ilha do Marajó, pois pude curtir a natureza, ver cenários rústicos e conhecer alguns moradores que vivem de forma muito simples e são felizes assim. Portanto, é um local para quem quer curtir esse tipo de viagem, sabendo que apesar de ter locais bons para se hospedar, não irá encontrar uma grande estrutura de restaurantes ou transporte. Por isso, recomendo que você vá com um carro próprio ou alugado de Belém, para não depender de transporte na Ilha e se locomover por atrações naturais que são um pouco distantes uma das outras.

Dicas gerais

  • As praias são banhadas pelo Rio Paracauari, por isso tem uma cor escura, mas são limpas e boas para tomar banho.
  • Fiquei hospedada na casa de amigos, mas existem várias opções de hospedagens em Soure e em Salvaterra.
  • É importante não esquecer de passar repelente, existem muitos mosquitos que te perturbam bastante, principalmente à noite, ou como são chamados por lá, muitos “carapanãs”.
  • Pela cidade você vê várias casas que vendem “queijo da Marajó”, “queijo de búfala” ou “mussarela de búfala”, compre tudo que você encontrar, é uma delícia.
  • Depois de 12h, bate aquela preguiça do almoço e o mormaço amazônico aumenta. Então você notará que até umas 16h vira uma cidade fantasma. Estão todos descansando em suas casas, inclusive os comerciantes. Não estranhe, é cultural. Já que você está lá, pegue uma rede e descanse também. 😉

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